A primeira fase do movimento modernista no Brasil ocorreu de 1922 até 1930, tendo início logo após a Semana de Arte Moderna.
O Modernismo traz propostas inovadoras para a arte e para a sociedade em geral, como reconstruir a cultura brasileira sobre bases nacionais, revisar de forma crítica o passado histórico e as tradições, eliminar a ideia fixa de colonizados, apegados aos valores estrangeiros.
Com essa nova tendência, surgiram quatro movimentos: Pau-Brasil e Antropofágico, criados por Oswald de Andrade com intuito de um nacionalismo crítico; Verde-Amarelo e Grupo da Anta, criados por Plínio Salgado, que propunha um nacionalismo fascista e ufanista, contrário ao de Oswald.
O Manifesto da Poesia Pau-Brasil, publicado por Oswald de Andrade no jornal Correio da manhã, propunha uma revisão crítica do passado histórico e cultural, valorizando as riquezas e os contrastes existentes na realidade e na cultura brasileira.
Com o Manifesto Antropofágico, Oswald de Andrade faz referência ao ritual indígena de se alimentar do inimigo para lhe extrair força, pois mostra a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, cuidando para não perder a identidade brasileira.
Semana de Arte Moderna e contexto histórico
Marco inicial do modernismo no Brasil, esse movimento ficou conhecido não só por seu ideal artístico, mas também pelo político e social, aconteceu em um momento de contraste no cenário do País: de um lado, os proprietários rurais de São Paulo e Minas Gerais, fortalecidos pela economia cafeeira, e, de outro, a burguesia industrial, que tinha interesses urbanos, em particular na cidade de São Paulo.
Ao mesmo tempo, o número de imigrantes europeus aumentava nas regiões prósperas do Brasil, tanto na rural cafeeira quanto na urbana industrial.
Nesse contexto, surgiu o Modernismo, motivado pela insatisfação com a cultura vigente, que se submetia aos modelos estrangeiros, e pela necessidade de uma arte “com a cara” brasileira.
Desse movimento de três dias, no Teatro Municipal de São Paulo, participaram pintores, escultores, literatos, arquitetos e intelectuais em geral. Graça Aranha teve a iniciativa, e apresentaram-se com ele os artistas Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Tarsila do Amaral.
Havia exposição de pinturas de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz e Vicente do Rego Monteiro e esculturas de Victor Brecheret, além das músicas de Villa-Lobos e Ernani Braga.
Essa manifestação artística causou impacto e foi mal recebida pela elite paulista, mas possibilitou a abertura de um debate a respeito da difusão de novas ideias para a arte nacional.
Características da primeira fase modernista
A primeira geração moderna costuma ser chamada de geração heroica. Essa denominação não é de todo exagerada, já que coube aos primeiros modernistas o difícil trabalho de substituir a arte praticada há séculos no Brasil, a qual, mais em um período, menos em outro, imitava modelos europeus, particularmente de Portugal.
Acresce-se a isso a agravante de que o público brasileiro, consumidor de arte, era parceiro nesse processo de cópia, tanto que as vaias e os tumultos feitos pela plateia, durante as apresentações da Semana, não deixavam dúvida alguma sobre as dificuldades dos modernistas em implantar um novo modelo de arte. A missão modernista consistia em, praticamente, “zerar” tudo ou quase tudo o que fora produzido em arte, desde o descobrimento do país.
Diante das dificuldades da empreitada, os modernistas radicalizaram na proposta, para, no mínimo, continuar a chamar a atenção e a despertar a curiosidade popular, conquistadas com a realização da Semana. Segue uma sinopse das características da arte moderna, dessa primeira fase.
- Senso de contemporaneidade: “A vida é agora.”
- Liberdade de expressão: nada de limitações ou imposições; o autor deve procurar seu próprio caminho para expressar-se.
- O vocabulário aproxima-se do falar cotidiano, da linguagem coloquial: desrespeito ao padrão sintático da gramática.
- Temática próxima da realidade; assimilação do cotidiano, do mundo do século XX, do novo ritmo de vida (velocidade) que o progresso industrial impôs.
- Registro das origens nacionais, do nosso primitivismo.
- Atitude de aversão aos comportamentos de assimilação de culturas alienígenas – prática da xenofobia.
- Atitude de irreverência, inclusive diante de fatos históricos ou políticos.
- Ruptura com o passado e, inclusive, com a arte anterior, particularmente as de valorização passadista: Parnasianismo e Romantismo, principalmente.
- Arte de engajamento político-social, com viés nacionalista e crítica às artes alienadas – Parnasianismo, principalmente.
- Senso de pesquisa sobre novas práticas ou modelos de expressão artística: poema-piada, poema-minuto, incorporação do humor em poesia.
- Despreocupação com a métrica e emprego do verso livre.
- Privilégio da poesia sobre a prosa, mas poesia-prosódica.
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